24.8.06

Mais acerca das eleições e voto nulo

Lula avança nas pesquisas e alcança 56% das intenções de voto válido. Se a perspectiva se confirmar, ganha fácil no primeiro turno. No fim das contas, talvez seja melhor do que o retorno do tucanato. Mas mantenho firmemente a minha intenção de anular o voto. Como dito em post anterior, esta minha intenção deriva da constatação da ausência de uma força política nacional que defenda algo ao menos parecido com o que denominei desenvolvimento triplo, o único possível para nos colocarmos na rota das benesses do sistema capitalista mundial. Sim, pois do capitalismo temos apenas as desgraças: somos campeões em juros altos, analfabetismo funcional, prostituição e trabalho infantil, monopólio dos meios de comunicação, corrupção institucional dentre outros títulos nada louváveis.

Qual o equívoco na análise dos intelectuais e militantes de (sic) esquerda? Eles constroem suas análises pautadas apenas em parâmetros nacionais. Olham o passado, vêem a ditadura militar e pensam: avançamos! Basta olharmos o resto do mundo para percebermos que, não obstante esta democracia medíocre ser melhor do que a ditadura, pouco avançamos. O Brasil continua como um país inserido na divisão internacional do trabalho como exportador de commodities (produtos primários como soja, algodão, cacau, madeira, folha para o chá dos ingleses, animais para zoológicos e centros de pesquisa, trabalhadores braçais para os países centrais, prostitutas, jogadores de futebol etc). O olhar interno nos dá um panorama de ordem democrática estável que, ao ignorarmos o olhar externo, nos mantém excluídos da rota do desenvolvimento mundial.

Não farei campanha pelo voto nulo. Apenas quero uma renovação das forças políticas atuantes no cenário político nacional, o que me leva a votar nulo como manifestação individual. Chega da política da mesmice medíocre! O candidato Alckmin chega a dizer que em sua gestão vai manter e aprimorar o Bolsa Família. Aí vem Lula e diz: o Bolsa Família é uma maravilha. Para além da mediocridade em si do programa, tal fato demonstra como os principais candidatos falam sobre as mesmas coisas e defendendo as mesmas coisas. Chegamos ao ponto do governador Lúcio Alcântara (PSDB), do Ceará, trocar na propaganda eleitoral a companhia de Alckmin pela de Lula. Devido à semelhança programática, fica-se com quem está ganhando. Ora, a política é o espaço do conflito também. Onde está o conflito em termos de programas políticos na política institucional brasileira? É disto que se trata: da repolitização da política. Algo distante da massa, sei. Por isso não faço a campanha pela anulação e minha participação se resume à retórica deste blog. Tal processo precisa surgir dentre os atores políticos nacionais. E é aí que o pessimismo entra em cena.

Um comentário:

Anônimo disse...

concordo plenamente c vc...