8.8.06

Jornal Nacional e Eleições 2006 - Resposta pública

Um amigo meu me mandou um scrap mais ou menos assim no Orkut:

"Você viu a entrevista de Alckmin ontem (07/08/2006) no Jornal Nacional? Os âncoras o colocaram contra a parede e perguntaram sobre escândalos de corrupção que eu nem mesmo sabia. Fiquei um pouco intrigado, gostaria de saber sua análise disso. Valeu. Até mais..."

Resolvi responder publicamente.

Quando Lula for entrevistado vocês verão a mesma ênfase da Globo nos casos de corrupção.

São três os motivos principais:

a) A Globo, desde os casos da manipulada cobertura das Diretas Já e do editado debate Lula-Collor, vem mudando paulatinamente seu modo de cobrir a política nacional. É o que se chama Padrão Globo de Jornalismo, uma idéia copiada da norte-americana CNN. Tem apostado muito mais em seu poder de notícia e em seu poder financeiro para ter um peso político perante os candidatos, ao invés da manipulação aberta de imagens e fatos. Tanto a estratégia é boa que hoje o ministro das comunicações do governo Lula é um ex-funcionário (mas ainda ligado) da Globo e ex-âncora do Jornal Nacional, Hélio Costa. Daí a Globo poder se dar ao luxo de rodar uma circular a todas as suas filiais regionais pedindo moderação na campanha eleitoral e avisando que não tolerará manipulações. Recado claro às TVs Bahias da vida que, não custa lembrar, durante a campanha pela cassação de ACM em 2001, quando houve o episódio da invasão da UFBA pela tropa de choque da PM nem sequer noticiou o caso. Mas o Jornal Nacional, sim, e com imagens de outras emissoras, uma vez que a TV Bahia nem sequer estava presente no local. Foi um momento de crise entre os Marinho e os Magalhães. A Globo tem apostado na modernização, inclusive na modernização da dominação.

b) O escândalo do “mensalão” deixou os brasileiros desanimados com a política, uma vez que haviam depositado em Lula a esperança de uma mudança de paradigma no próprio modo de se fazer política. O Padrão Globo incita a emissora também a falar o que o público quer ouvir, em uma tentativa (muito bem sucedida) de criar uma identidade entre emissora e telespectador. O discurso e os questionamentos anti-corrupção hoje estão em alta.

c) A Globo pode se dar ao luxo de mostrar um pouco de imparcialidade, uma vez que os dois candidatos mais cotados à eleição representam projetos políticos que não afetam os interesses do monopólio global.

Neste termos, é fácil ser imparcial. E até mais lucrativo.

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