13.8.06

Lula em Salvador - Diário de campo

Fui à caminhada de Lula em Salvador com a curiosidade típica de um sociólogo. Os fatos presenciados, os discursos ouvidos e a multidão emocionada me levaram a tecer alguns comentários.

  1. Lula é o maior fenômeno político nacional desde Vargas e Kubistchek. Isto não necessariamente significa algo positivo.
  2. Os escândalos políticos ocorridos ao longo do governo Lula levaram a população à descrença em mudanças estruturais na sociedade e não à descrença no carismático presidente. A lógica de pensamento é a seguinte: o Brasil é isso mesmo, não tem como mudar; Lula tenta, mas sozinho não pode fazer nada. Há uma certa razão nisso, mas posto desta forma o conservadorismo opcional, além dos constrangimentos estruturais, do governo Lula é legitimado: o presidente continua em alta enquanto nada (ou muito pouco) muda.
  3. A militância partidária continua com a cabeça nas nuvens e incapaz de enxergar a realidade a um palmo do nariz. Quando o retrógrado Geddel Vieira Lima subiu ao palco e discursou em defesa de Lula – Wagner algumas vaias se fizeram ouvir. Ora, Geddel faz parte, agora, do bloco de Lula e estava no palco devido ao convite presidencial. Mas os ingênuos militantes não conseguem entender que a realidade que eles vivem em seu cotidiano, em DCEs e Sindicatos, quando discutem até mesmo (sic) a revolução já foi há muito tempo deixada para trás pelos dirigentes de seus respectivos partidos, a despeito de seus respectivos programas.
  4. A política em sua versão “democracia representativa liberal burguesa” está, hoje, tão distante do cotidiano que as pessoas sentem-se bem pelo simples fato de ver o presidente.
  5. A esquerda está completamente submissa às formas espetaculares (marketing e discurso) de se fazer política. Os fogos de artifício e os balões de Alice Portugal e Daniel Almeida (ambos do PCdoB) demonstraram bem isso. Os discursos dos candidatos, por sua vez, se pautavam em um passado histórico de lutas nacionais arbitrariamente apropriado por quem não luta (e ao invés disso permanece em confortáveis gabinetes com verbas até para contratar prostitutas) e em coisas banais, como quando o presidente pediu que todos abraçassem seus pais hoje (sic).

Contra minha vontade, meu voto se encaminha com suas próprias pernas em direção à anulação. Quem sabe algum dia a política não volta a ser politizada...

Um comentário:

Unknown disse...

rsrs "voltar a ser politizada" significa dizer: se ACM voltar é???
kkkk bela política adele...
a coisa no Brasil agora é assim a.L e d.L
entendeu ne...